Aceitar
Lembras-te de como te sentiste quando ouviste pela primeira vez a palavra aceitar?
Várias perguntas e dúvidas surgiram de imediato: Como é que eu faço isso?
Querias uma lei universal, uma folha com passos muito concretos, muito certos. Uma fórmula mágica ou talvez uma equação que resolvesse o problema de vez.
Mas isso não aconteceu e tu continuaste a sentir que nunca serias capaz de te aceitar, de aceitar a tua constante mudança, de aceitar os factos que inevitavelmente acontecem na vida.
E a luta era cada dia mais forte e a vontade cada vez maior.
Vontade de fuga de ti própria, vontade de deixar de sentir, vontade de simplesmente deixar de existir.
O desespero aumentava e quanto mais lutavas mais te afastavas de ti mesma.
Até que começaste a permitir-te sentir. Aos pouco, devagarinho, com medo, com curiosidade.
Começaste a abraçar-te, a dar-te carinho, a amares-te.
Começaste a confiar no que sentes, a observar, a escutar com o maior respeito por ti, cada voz.
Começaste a procurar entender cada mensagem, cada pedido que elas te traziam ou faziam.
Então aceitar passou a ser uma prática.
Nem todos os dias saberás escutar-te. Vai haver momentos em que parecerá que nada faz sentido outra vez, em que não saberás lidar com sentimentos ou factos tão intensos, tão profundos. Mas isso é a dança da vida!
E, se hoje é um desses dias, peço-te que pares. Respira fundo e sente. Sente apenas. Deixa que tudo seja sentido, que todas as imagens, todos os medos, toda a dor seja refletida agora. Não penses que as coisas deveriam ter sido diferentes, não te julgues dessa forma.
Não, não vais mudar os factos.
Não, não te vais consertar porque não há nada partido!
Não te tires o poder de viver o agora. Está tudo certo mesmo quando nem tudo é agradável.
Deixa essa voz que fala baixinho e suavemente, que emite uma luz doce e brilhante, comandar o teu ser. Ela é a tua melhor amiga, ela saberá guiar-te.
Aceitar é só sentir a música que percorre o teu corpo em cada respiração, que vibra em cada batida do teu coração.
Aceitar é só seres tu própria, é só a permissão de ser o todo tão vasto e lindo que és.
Aceitar não é fazer nada, é ser tudo.